Uma das habilidades mais valiosas do mundo é a clareza de pensamento.
O problema é que ela não é ensinada na escola.
É preciso tempo, paciência e muita prática para aprimorar suas habilidades de raciocínio.
Aqui estão 9 distorções cognitivas, que eu já enfrentei na vida e uma visão de como superar cada uma delas para te ajudar na sua trajetória na advocacia.
Em primeiro lugar, é importante entender o que é uma distorção cognitiva.
Nossas mentes são como computadores. Elas recebem as informações, processam e lançam decisões.
Mas, às vezes, nossos cérebros podem ficar presos em armadilhas que levam a más decisões. E é aí que precisamos nos atentar.
As distorções cognitivas são pensamentos irracionais, que podem ser sabotadores e te fazerem sentir como se sua vida estivesse fora de controle.
Elas não estão apenas dentro da sua cabeça, estão também nas das pessoas ao seu redor e nas situações que você enfrenta todos os dias.
Elas podem te fazer ter medo de pedir uma promoção, de iniciar o seu próprio escritório ou até mesmo de abordar um novo cliente.
Mas aqui está a boa notícia: elas podem ser trabalhadas! Quando você aprende como identificar estas distorções, você é capaz de se liberar delas muito mais rapidamente – e tomar melhores decisões sobre quase tudo em sua vida.
Aqui estão algumas:
1. Efeito Ambíguo
Você já notou que, às vezes, quando se trata de tomar decisões, acaba escolhendo a opção onde a probabilidade é conhecida?
É o chamado efeito ambíguo. Ele diz respeito à tendência de escolher uma ação onde você sabe exatamente qual deverá ser resultado, ao invés de uma ação em que ele seja desconhecido.
Quantas vezes seguimos o efeito manada por conta deste efeito?
É natural que em alguns momentos, seguir ações já testadas é interessante. Entretanto, se nos mantermos sempre nesta linha, o nosso crescimento será afetado na vida.
Então, aqui está o meu conselho: seja ousado! Se há uma pequena chance de que algo possa funcionar bem, então vá em frente! Risco muito pequeno = conforto a curto prazo, dor no longo.
2. Falácia do mundo justo
Esse é um viés cognitivo que nos faz acreditar que coisas boas acontecem a pessoas boas e coisas ruins acontecem a pessoas ruins.
Queremos nos ver como boas pessoas, então tentamos entender por que coisas terríveis continuam acontecendo ao nosso redor, culpando os outros em vez de olhar para nossas próprias ações.
O problema com isso é que não podemos controlar o que acontece ao nosso redor.
Contudo, podemos controlar como respondemos a esses eventos. E nossa resposta deve ser baseada em evidência, não em emoção ou fé cega em uma narrativa falsa que não tem base fática.
Aqui é hora de ser realista, aceitar o que está acontecendo e entender que você deve fazer algo a respeito disso.
3. Efeito de Enquadramento
O efeito de enquadramento é um viés cognitivo onde você avalia as evidências e faz uma escolha dependendo de como algo é enquadrado. É o famoso julgar o livro pela capa.
Se você estiver, por exemplo, tentando decidir entre duas opções, pode ser influenciado pela maneira como elas são enquadradas. Se uma opção for apresentada como sendo “toda boa” ou “toda ruim”, então você provavelmente escolherá aquela que parece mais vantajosa.
Acontece que isso pode ser perigoso!
A melhor história nem sempre evidencia a melhor decisão.
Ao avaliar provas ou tomar decisões, é importante cortar o estilo, desenvolver o seu pensamento crítico e mergulhar na substância.
4. Efeito do Entrincheiramento
Todos nós já o vivenciamos pelo menos uma vez.
Você estava convencido de que conhecia determinado assunto, mas chega alguém com novas informações, batendo de frente com as suas ideias. A partir daí, você se vê defendendo a sua posição de maneira contundente.
Isto é chamado de efeito de entrincheiramento. É um fenômeno psicológico onde criamos maiores apegos às nossas posições, quando confrontadas com provas que as refutam. A ideia é que queremos estar certos, mais do que queremos a verdade.
A boa notícia? Todos fazemos isso eventualmente, mesmo que não nos demos conta. Portanto, não é preciso se penalizar!
A parte desafiadora é que você deve deixar seu ego à porta e valorizar a verdade acima ele.
É assim que você pode evitar ficar preso a um efeito de entrincheiramento no futuro.
5. Tudo ou Nada
O pensamento do tudo ou nada é um problema que pode impedir que você tome as melhores decisões.
É quando você vê as coisas em termos absolutos: bom/mau, certo/ errado, justo/injusto.
A experiência ensina que as decisões complexas estão permeadas de imperfeições.
Mas pensar em tudo ou nada torna difícil para as pessoas ver os trade-offs inerentes a qualquer situação.
A solução? Comece escrevendo as suas prioridades e depois encontre os trade-offs que se encaixam nelas.
6. Gangorra Emocional
A vida é um balançar.
Terá dias em que você sentirá que nada pode te deter, e outros em que sentirá que o mundo está se desmoronando.
A maioria das pessoas é totalmente dominada pelas suas emoções, esquecendo de ponderar suas decisões em fatos ou em lógica.
Isto leva a más escolhas e resultados.
Em vez de cair nesta armadilha, aprenda a reagir de maneira mais positiva às suas emoções.
Os altos para criar impulso e os baixos para criar convicção.
Os pontos baixos também podem te ajudar a construir uma crença férrea na sua capacidade de superação e em suas habilidades para poder alcançar qualquer coisa que se proponha!
7. Efeito Simon Cowell
Você já recebeu algum feedback e acabou se sentindo diminuído?
Imagino que sim.
Acho que muitos de nós somos terríveis em receber feedback. Podemos ser nossos críticos mais duros, e mesmo quando nos saímos bem, tendemos a nos concentrar nos 2% que não estão perfeitos.
Mas há boas notícias: Há uma saída!
Começa por conhecer “O Efeito Simon Cowell”, nomeado em homenagem ao notório juiz do American Idol.
No programa, os participantes perdiam a confiança e esqueciam tudo o que tinham feito bem, sentindo-se derrotados, quando se fixavam no retorno negativo que tinham de um dos jurados, mesmo tendo avaliações positivas de todos os demais.
A solução é simples: foque na proporcionalidade do feedback.
Se você tem 98% de retorno positivo, concentre-se nisso.
Depois, sem tanto pesar, pergunte-se o que pode fazer para dominar os outros 2% faltantes.
Quando você age assim, começa a olhar os feedbacks como algo positivo e isso te ajudará a crescer em sua vida.
8. Falácia da Recompensa do Céu
Você pode não perceber isso, mas é provável que seja vítima da falácia da recompensa do céu.
O que é isso?
É a sensação de que haverá uma grande recompensa pelo sacrifício que fazemos hoje.
É por isso que muitos de nós ficamos em empregos ingratos, em empresas mal geridas, trabalhando para pessoas que não nos reconhecem em nada.
Fazemos tudo isso porque acreditamos que um dia, em breve, nossos chefes perceberão o nosso trabalho árduo – e quando o fizerem, aí sim, valerá a pena!
O reconhecimento é importante sim.
Acontece que nem sempre o encontramos e, quanto mais precisamos dele, mais ressentidos ficamos.
Pode ser difícil sair desta armadilha de pensamento – especialmente, quando você está ansioso para provar a si mesmo – mas existem maneiras de se libertar.
Foque em si mesmo. Você pode estabelecer pequenos marcos para poder celebrar seu próprio progresso, em vez de esperar pela aprovação de outra pessoa.
E a partir daí, reconhecer que a única coisa que está entre você e onde quer chegar, é você mesmo.
Assim, construirá uma autoconfiança muito mais poderosa para o seu crescimento na advocacia.
9. Senhor Sabe Tudo
Quantos de nós achamos que precisamos emitir uma opinião sobre tudo para provarmos que temos conhecimento?
Contudo, com o passar do tempo você vai aprendendo que isso é a insegurança falando.
As pessoas não se importam necessariamente com o que você sabe. Elas se importam com o que pode fazer por elas.
Portanto, em vez de falar o tempo todo, tente falar menos, e ouvir mais.
Quando você fala, faça com que aquilo tenha sentido – você verá que as pessoas escutam com mais interesse, quando você fala com propósito.
Por fim, adotar uma abordagem proativa de autoaperfeiçoamento é sempre uma excelente escolha.
A boa notícia é que você tem o que é preciso para superar suas distorções cognitivas. Só é preciso identificá-las, mudar seus padrões de pensamento e trabalhar duro para não cair novamente em velhos hábitos.
Embora, às vezes, possa ser difícil, a recompensa vale a pena: uma mente mais clara e um comportamento mais calmo, que te servirá tanto na vida pessoal, quanto na sua advocacia.