Neste mês de janeiro, a síndrome do Burnout passou a ser reconhecida como uma doença ocupacional pela OMS.
Este termo foi criado nos anos 70 pelo psicólogo americano Herbert Freudenberger. E passou agora a ser medicamente reconhecido com o código CID-10.
No Brasil, de acordo com um levantamento feito pela International Stress Management Association, 30% das pessoas economicamente ativas sofrem de burnout.
O que faz perdemos apenas para o Japão em que 70% das pessoas sofrem da doença. Sendo seguidos pela China, com 24%, EUA, com 20% e Alemanha, com 17%.
A grande realidade é que números como estes mostram que precisamos falar sobre saúde mental, pararmos de ignorar este tema e deixarmos de lado o preconceito.
O esgotamento pode levar ao estresse físico e mental, que depois pode potencializar a chance de uma pessoa adoecer com frequência, sentir dores físicas e sintomas de depressão ou de ansiedade.
Além do mais, o burnout reduz a conectividade entre as partes do cérebro, o que pode levar à diminuição da criatividade, da memória e da capacidade de resolver problemas.
Ou seja, é realmente algo sério.
E ele começa na cultura do trabalhar por longas horas, sem dormir o suficiente, nem mesmo ter tempo para pausas.
Caso esteja passando por isso na sua advocacia, vale a pena refletir sobre a maneira que vem conduzindo a sua vida.
Ao longo da minha carreira, já tive clientes trabalhando de forma extenuante, que estavam perdendo seus relacionamentos familiares, ganhando peso numa escala logarítmica, com problemas para dormir, dores de cabeça, caminhando na beira do abismo…
A razão pela qual isso este ritmo não dá certo, é porque ninguém pode dar tudo de si a todo momento.
Você já assistiu a uma maratona? Os atletas correm tão rápido quanto Usain Bolt? Claro que não. Caso fizessem isso, quebrariam em menos de 1 minuto.
Primeiro, porque tudo na vida tem seu ritmo apropriado e depois, não se pode atingir o desempenho máximo, se não houver o descanso adequado para isso.
Atletas podem, inclusive, sofrer da “Síndrome do Overtraining”. Condição causada pela falta de descanso, resultando em desempenho muito abaixo da média.
Até para aqueles que escalam o Monte Everest existem campos de descanso. Quatro no total. Você deve parar nesses acampamentos para se recuperar. Caso contrário, não chegará ao topo.
Então, como podemos escapar dessa cultura da agitação e realmente darmos o nosso melhor?
1. Descanse
Devemos nos permitir descansar física e mentalmente. Isso nos dá a energia necessária para o aumento da nossa performance.
Fazer pausas ao longo do dia e ter 7-9 horas de sono fazem maravilhas para a produtividade a longo prazo.
2. Reflita
Faça algumas perguntas a si mesmo.
Como estou me sentindo?
Estou no caminho certo?
Deveria estar fazendo as coisas de outra forma?
Muitas vezes, entramos num looping que vai nos conduzindo de forma nada produtiva em nossas vidas.
Algumas pausas para avaliação são fundamentais para nos mantermos no bom caminho.
3. Diminua os ruídos
Ler 245 livros num ano. Ouvir podcasts numa velocidade 3x.
Isso te faz bem? Quanto de conteúdo você retém após alguns meses?
Antes de tudo, ouça e leia para entender, tomar notas, refletir e aprender.
A qualidade do consumo supera a quantidade.
Não se esqueça disso.
4. Estabeleça limites
Organize melhor a sua agenda, use a tecnologia a seu favor, foque nas atividades que precisa fazer, ao invés de jogar tempo fora com coisas inúteis e seja justo sobre a sua carga de trabalho.
Não tenha medo de estabelecer limites e não sinta nenhuma culpa por isso.
Se você não o fizer, tenha certeza que sua saúde o fará por você.
Por fim, tenha claro que trabalhar horas infindáveis por semana, não tirar dias de férias ou esquecer de comer não são atitudes que merecem uma medalha de honra.
São comportamentos tóxicos!
Lembre-se que a sua ambição pode ser grande. Mas esta maneira de trabalhar te trará um custo altíssimo.
Se não estiver dando conta sozinho, procure ajuda profissional para te ajudar.
Trate-se melhor neste ano de 2022 e rejeite essa cultura da agitação na sua vida.